Uma breve lista de hábitos perdidos para momentos de tédio e solidão

    Faz um tempo que eu não escrevo para cá. Depois de entrar no blog pela primeira vez em meses e reler um pouco, achei engraçado como até o post mais recente (de 2020 ainda) parece ter sido escrito uma vida atrás, por outra pessoa. Mas mesmo se tivesse sido há só um mês, eu provavelmente diria o mesmo agora.
    Passei as últimas duas semanas em isolamento e totalmente sozinha em casa. Minha família toda teve covid, e meus pais precisaram ser internados. Foram os dias mais incertos da minha vida; mais que os outros dias que já ocuparam esse posto no passado. Como não tinha nada que eu pudesse fazer além de sentar e esperar, fui tentando ocupar minha mente com os costumes do dia-a-dia, como arrumar a casa, cozinhar, mexer no celular, etc., e comecei a pensar no que eu estaria fazendo em dias como esses, mas uns oito anos atrás. Passei alguns dias relembrando como era ficar em casa quando eu era mais nova, ainda mais nas férias escolares, quando eu costumava passar mais tempo sozinha. Crescendo nos não-tão-distantes anos 2000 e 2010, eu tinha vários hábitos que fui deixando de lado, tanto por conta da idade quanto pela própria mudança dos tempos e tecnologias mesmo. Essa é minha breve lista de hábitos perdidos que eu revivi (ou tentei) no isolamento.

  • Televisão
  •     Talvez o elemento mais simbólico do tédio na minha infância seja a televisão. Na minha casa, tinha uma tevê de tubo, provavelmente mais velha que eu, que ficava na sala. Quando eu podia, eu me sentava na frente dela por horas e horas e revezava entre as seções infantis, novelas mexicanas, telecursos e casos de família. Os programas que eu mais lembro nessas horas tediosas são Castelo Rá-Tim-Bum, Naruto, um programa sobre lendas que eu nem tenho certeza se realmente existe, e todos os desenhos bizarros que passavam nas faixas do início da manhã e tarde da noite, como Coragem, o Cão Covarde e Mansão Foster. Eu tinha medo deles mas ficava atraída na frente da tela, como se eu fosse a última pessoa do mundo recebendo aqueles sinais de alguma antena extraterrestre. Eu também gostava de grudar meu cabelo nos chuviscos e sentir a estática entre os dedos, e lembro de achar isso extremamente divertido, sei lá porquê.
        Vendo tevê esses dias, o que eu mais assisti foram filmes pela metade e programas de qualidade duvidosa, e os desenhos que passam nos horários que eu costumava ver não me cativaram muito (mas eu não sou o público alvo mesmo). Talvez a tevê não seja mais minha maior fonte de distração, mas assistir as reprises de Todo Mundo Odeia o Chris e clássicos da Sessão da Tarde ainda consegue me divertir por boas horas.
    • Navegar por cantos aleatórios na internet
        Há um tempo, eu notei como eu passei a usar redes sociais quase compulsivamente, mesmo que elas me deixassem mais entediada e, por vezes, estressada. Não é por acaso o jeito que elas são feitas para manter sua atenção e te fazer rolar a tela por horas sem nem notar. Mas quando eu comecei a usar internet (lá para 2013, pelo computador da minha irmã mais velha), e antes de entrar em qualquer rede social, parte da experiência do tédio virtual era, literalmente, navegar - buscar, sem muitas referências, por sites, canais, blogs que ocupariam a mente naquelas horas.
        Esses dias, eu encontrei um site com o bolsodex, uma tradução brasileira de pokémon que quase foi oficial, e um site que guarda textos e imagens publicadas na internet dos anos 80 e 90. Eu andei fazendo uma espécie de "arqueologia virtual": busquei os antigos sites que eu visitava, ou algum traço deles, caso eles tenham fechado. Apesar de vários blogs que eu lia há uns cinco ou seis anos (os distantes anos de 2015 e 2016) não existirem mais, eu me sinto feliz quando consigo encontrá-los, mesmo que desatualizados - é como achar algum vestígio do passado, que, na internet, é extremamente volátil.
  • Aproveitar o nada
  •     Eu me pergunto qual foi a última vez que eu realmente aproveitei fazer nada. Minha definição de fazer nada é 1. estar consciente, 2. desocupado e 3. realizar uma ação (ou não realizar) sem muito significado ou consequência, como deixar o tempo passar em algo monótono. Em dias comuns, cumprir os três requisitos, ainda mais o segundo, é quase impossível; mas mesmo quando há uma brecha, vem essa vontade de preencher o silêncio com todo tipo de ruído, informação e conflito, ou culpa por estar parada sem fazer nada de útil e produtivo. E eu lembro que, anos atrás, minha cabeça não era assim.
        É claro que, quando eu era mais nova e com menos responsabilidade, fazer nada era mais frequente. Com o tempo, esses momentos ficaram mais raros e passaram a ativar a voz interna que diz "você não deveria estar fazendo isso e aquilo?". Mas, nesses dias sozinha, mesmo que eu me ocupasse o dia inteiro, era impossível preencher todas as horas, ainda mais quando o cansaço e a solidão batiam. Fazendo nada, um monte de coisas aleatórias passavam pela minha cabeça, desde as importantes até as banais, lembranças, vontade de achar coisas pela casa ou só de ver a rua mesmo; e depois, eu me sentia mais tranquila, até mais inspirada (esse post mesmo veio desses minutos). A quietude tem sua importância para organizar essa totalidade que é a mente. Igual uma gaveta, você pode jogar mais e mais papéis dentro, mas uma hora ou outra, é preciso parar para tirar a poeira, ver o que tem nesses arquivos, o que se pode fazer com cada um e etc. Eu costumo me sentir sobrecarregada de tempos em tempos por me esquecer disso, mas que fique marcado aqui que pensar na morte da bezerra faz bem sim. 

        Tem muitas outras coisas que eu poderia incluir aqui, desde assistir DVDs de origens questionáveis até construir casinhas de lençol, mas decidi colocar só coisas que eu realmente pude fazer e fiz durante meu isolamento, além de manter minha breve lista... breve. Enfim, nesse momento da pandemia, proteja a si mesmo, os seus e os outros usando máscara e álcool gel e, se possível, fiquem em casa! (vai que vocês relembram outros hábitos perdidos também)

    Mari, 08.04.21. (primeiro do ano!)

    7 comentários:

    1. meu comentario apagou aaaa vou tentar escrever de novo e ver se vai

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      1. oioi!!
        eu senti muuuita falta do teu blog, mas entendo que às vezes a gente simplesmente se desconecta um pouco de certas partes. sinto muito que tua família tenha pego covid e desejo do fundo do meu coração que vocês estejam atualmente o melhor possível.

        achei o post super nostálgico e fiquei feliz e triste ao mesmo tempo. na minha casa também tinha uma tv de tubo, a minha era cinza e eu jogava play 1 e assistia winx, x-men, de onde vem, vila sésamo, historinhas de dragões, trigêmeas e outras coisas muito tri. lembro de quando ganhamos o play 2 em 2008 aqui em casa, foi muito legal.

        quando eu era criança, eu pesquisava sites de jogos de vestir e essas coisas skjskfsd eu tambem pesquisava sobre ter um blog porque queria escrever sobre tinker bell, e minha irmã tinha um e eu achava muito legal.

        e eu sinto muita falta de fazer nada. sem culpa. sem responsabilidades. sem nada mesmo. sinto muitas saudades disso.

        até mais <3

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      2. oi, Victor!
        a minha família está se recuperando, muito obrigada pelos seus bons desejos, de verdade ♥
        eu lembro de alguns desses desenhos que você falou e eram muito bons mesmo, adorava esses também. imagino que deviam ser legais esses jogos de ps, eu não cheguei a jogar na infância mas eles parecem divertidos
        eu adorava esses jogos de vestir também (principalmente os da barbie KHKHMJ). e é fofo isso da tinker bell!! eu lembro que comecei a pesquisar sobre blogs por causa de turma da mônica aa
        enfim, obrigada pelo comentário ♥

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    2. Oi, Mari!
      Primeiramente, bem vinda ao meu blog e obrigada pelo comentário. Adoro descrever o processo criativo de algumas coisas e fico feliz que tenha te causado essa sensação!

      Segundo, lendo o que você postou me trouxe nostalgia de quando era criança, principalmente quando você fala da televisão (demorei um pouco pra ter internet, e quando tive era aquela internet discada, então não era todo dia que eu podia acessar) e amo Todo Mundo Odeia o Chris! Era é uma das séries que mais gostava de assistir na TV e Castelo Ra-Tim-Bum é totalmente minha infância todinha (era louca pra ter o quarto do Nino).
      Eu desconfio que o programa de Lendas que você tá citando é o CataLendas. É um com dois bonecos (?) (uma preguiça e um macaquinho)? Se sim, você não está imaginando, existia esse programa! Adorava também!

      Tenho saudades de "aproveitar o nada" também. Hoje em dia se faço nada sinto que não estou sendo produtiva :(

      Beijos e até mais ♥

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      1. olá, Moh!
        fico feliz que eu te passei essa nostalgia! todo mundo odeia o chris é muito bom mesmo, também gostava muito mas passei um bom tempo sem ver. eu lembro do quarto do nino e adorava também!!
        era esse mesmo o programa aa!! eu não conseguia lembrar muito sobre e nem encontrar nada, valeu mesmo
        enfim, obrigada pela sua visita ao meu blog também e pelo comentário ♥ amei conhecer o seu
        beijos ♥

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    3. Oiee!
      Quero começar já dizendo que seu blog é lindo aaa.
      Sempre que vejo as palavras "tevê de tudo", eu consigo ter uma lembrança linda do meu pai chegando em casa com uma dessas e dizendo que era pra mim, inclusive, ainda tenho ela, nem sei se ainda funciona, mas é uma das poucas lembranças que tenho a sorte de ter do meu pai. Eu amava assistir desenhos e conectar o aparelho DVD pra assistir meus filmes da Barbie.
      Eu lembro eu passava o dia inteiro no PC jogando Habbo Hotel, ou Stardoll, Amor Doce, e coisas assim, ou só ver vídeos e coisas aleatórias. De uns anos pra cá a vida foi ficando corrida, e chata, como se tudo que eu fizesse fosse perda de tempo (?).

      Eu amei o post, ele me trouxe ótimas lembranças, beijos.

      𝐈𝐌𝐀|♡

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      1. oi, Kamilla!
        que legal que você ainda tem sua TV! eu não sei para onde foi a minha. imagino como deve ser ter algo especial assim mesmo depois de um tempo
        eu jovava amor doce e habbo também!! saudades disso aa
        enfim, obrigada pelo comentário e elogios, beijos ♥

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