a lua pela janela do meu quarto

Um adeus

     Eu deveria ter escrito esse texto no ano passado, talvez no retrasado. Eu cheguei a pensar nele algumas vezes, comecei um ou dois parágrafos e até terminei alguns rascunhos; não publiquei nenhum. Muito antes de eu começar a pensar nele, o objetivo que eu anunciaria já estava, e seguiu sendo, cumprido: não publicar mais nesse blog. Escrever esse texto é descumprir o objetivo já alcançado silenciosamente, mas eu preciso: as coisas só acontecem de fato quando são postas em palavras. Deve ser daí que vem a estimativa criacionista da idade da Terra. 

    Eu não vou mais publicar nesse blog. Já não me interesso pelo que eu costumava escrever, e não gosto de uma parte do que já publiquei aqui. Ainda gosto das fotografias e de partes de alguns dos textos, e desgosto dos poemas. Não pretendo apagar nada do que eu publiquei, e restaurei algumas postagens. Sobre as razões para essa despedida, uma já está elucidada: o descompasso entre maturidades e predileções. Outras são mais íntimas, ou mais dolorosas; essas, prefiro resumir no fato dos anos em que escrevi nesse blog terem sido pessoalmente difíceis, como a adolescência costuma ser. Os textos aqui publicados foram escritos em momentos de leveza envoltos em tristeza, raiva e confusão; são textos diarísticos que eu não poderia ter escrito, mas que levam meu nome.

    Esse blog fez cinco anos em agosto de 2023. Um tempo curto, mas é 1/4 da vida de quem aqui escreve. Logo, logo, esse período vai ser fracionado cada vez mais — e talvez, nessa pequenez, eu consiga tirar uma ou outra boa memória da minha adolescência ou desses escritos contidos. Por enquanto, não sou capaz.

    Ainda escrevo e pretendo escrever, só não aqui. Não há mais nada que eu queira contar sobre mim. Eu agradeço aos leitores desse blog e a todos que eu conheci através dele. Até mais.

Maria, 09.02.2024.