Isolamento 2

(a música que não para de tocar enquanto escrevo e edito esse post. meramente ilustrativa.)
  • Andei ficando muito tempo sozinha em casa, e pior que isso nem é tão inesperado assim para mim. Minha família não ficou nem duas semanas em quarentena e já voltou a trabalhar. Gostaria de dizer que "não entendo", mas não vou fingir que eu não conheço nada do mundo, do dinheiro, embora eu não quisesse que as coisas fossem assim. Continuo de quarentena (como se deve), cuido da casa, perambulo entre os cômodos, me preocupo com cada um lá fora, tudo anda incerto. Tudo mesmo. Eu também tenho meu punhado de medo, me inscrevi nos correios, vejo a página de concursos e empregos pelo menos duas vezes por semana. Eu já estava buscando um emprego antes, talvez eu estivesse em um se tudo tivesse continuado normal, sei lá. Sei que é meio em vão procurar emprego nesse momento, mas é como um pequeno placebo, pensar que ainda posso conseguir alguma coisa. Apesar disso, nós ainda estamos respirando (felizmente), e eu sou uma pessoa só, minúscula. Queria poder ajudar quem a corda já arrebentou, queria saber o que vai acontecer amanhã. É estranho se sentir tão pequeno.
  • Andei ouvindo música, quase o dia inteiro. Esse mês, lançaram álbuns que eu amei muito: Sawayama da Rina Sawayama, Fetch the Bolt Cutters da Fiona Apple e The New Abnormal do The Strokes. Os três álbuns têm estilos e temas bem diferentes, mas independente disso, são muito bons. Também assisti algumas lives, como a do Fresno (Giovanna, foi sua culpa) e acabei a de ver a do Nando Reis agorinha mesmo. No geral, eu vou deixando minha playlist tocar no aleatório enquanto estudo, programo, desenho ou só olho para o teto mesmo. Eu acho que nunca tive dias tão silenciosos, eu sinto falta dos sons da rua. Me descobri uma pessoa mais sonora que eu pensava; não que eu ame toda e qualquer barulheira que há, mas eu sou tão acostumada com o som das pessoas conversando e dos passos, o som do trem, dos carros correndo, que sinto falta deles, até nos sonhos. E eu amo a música, para silenciar esse silêncio do dia, com as vozes, os instrumentos, as letras.
  • Eu comecei a fazer uma lista de filmes vistos na quarentena! Eu passei algumas semanas sem assistir nada, ansiosa demais para focar, mas voltei recentemente. Vi apenas cinco nesse meio-tempo, todos que eu amei muito, e penso em escrever um pouco sobre alguns deles. Eu estou para ver a filmografia do River Phoenix e alguns filmes do Ghibli, e vou atualizando essa lista até o fim do isolamento.
  • Terminei Anexos da Rainbow Rowell, que a minha amiga emprestou antes da quarentena, e eu não sei quando vou devolver agora. Foi uma leitura bem divertida e doce, e eu não costumo ler muito romances; adorei o formato de e-mails da história e os personagens. Eu cheguei a (re)começar O Vampiro Lestat, mas só li alguns capítulos e aí comecei, com um pouco de atraso, Capitães de Areia, que é meu livro didático da escola. E, honestamente, que livro. Eu ainda estou no começo, mas eu li a primeira parte toda sem nem notar, e ele me deixou completamente sem palavras. Eu nem sei como expressar meus pensamentos, e ainda estou muito no comecinho para falar, mas esse livro é... forte, incrível. Vou lendo, atualizando meus pensamentos, anotando, grifando algumas partes (no arquivo PDF).
  • Eu andei escrevendo e desenhando. Eu sinto que meu estilo de escrever está mudando, e esses dias eu encontrei um conto meu de terror, que escrevi com uns 15 anos lá em 2017 e que até foi publicado. Eu senti uma quentura quando reli o texto; há muita coisa que eu mudaria se eu tivesse escrito hoje, mas eu tenho um carinho enorme por ele, de verdade. Eu sinto que muito mudou entre lá e cá, eu li mais coisas, vivi mais coisas, enfim, é bom notar esse crescimento. E quanto a desenhar, eu estou treinando mais, ando desenhando pessoas, treinando anatomia, e desenhando objetos também. Eu quase nunca mostro o que eu desenho por ser bem amadora, mas tá aí alguns rascunhos do meu caderno:
sons de rádiopato cowboy e sombrinha
corpinhosrostos
 Enfim, esse foi um compilado do que eu fiz no distanciamento social nas duas últimas semanas, e ficou mais longo que o inicialmente planejado. Eu vou deixar assim, como um diário, eu só senti vontade de contar e contar e as palavras vieram; acho que é bom quando isso acontece. Enfim, até mais e um bom dia.

Com amor, Mari.
entre a noite de 21.04 e a manhã de 22.04

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