Sobre pequenas infinidades

 Essa é a primeira vez que escrevo para cá esse ano, e um mês inteiro já passou. Eu não notei o correr dos dias no calendário, mas é estranho perceber só agora que toda essa pequena infinidade de tempo já se tornou passado, simples assim.

 Eu gosto de comparar essa distração em relação ao tempo que eu tenho a uma ida ao país das fadas, como li em um livro uma vez. Na história, Morgana, a lendária feiticeira, fica lá por algumas horas, mas quando volta, cinco anos se passaram no mundo real. A diferença é que meu "país das fadas" é só minha introspecção, ou uma momentânea necessidade de focar em mim. Eu costumava me arrepender de "perder tempo" pensando ou cuidando de mim mesma (mesmo quando necessário), mas esse ano, eu prometi não nutrir mais nenhum tipo de ressentimento. Criar um sentimento assim é como ter uma árvore morta plantada no peito: as raízes fundas apertam o coração e o caule corta a respiração e a voz. Não vale a pena. E eu estou aprendendo a me importar comigo mesma. Não é errado querer ter coisas boas.

 Dentro desses distantes dias, eu escrevi no meu diário ideias, pequenos contos, poemas, desenhos e sonhos. Vi filmes no cinema, com minha família ou com meu namorado, e também em casa, sozinha. Alguns deles me encantaram e me marcaram: Assunto de Família, Swiss Army Man e 1917. Tive algumas primeiras experiências e algumas releituras. Pensei em muitas coisas. No futuro, no resto do ano, em mim, nos outros. Esse ano, eu vou para o terceiro do médio (terceirão!), faço ENEM para tentar uma vaga na universidade, talvez eu já trabalhe até o meio do ano. Além disso, pensei em me dedicar mais a arte esse ano, mesmo com a rotina mais cheia. Quero escrever e desenhar mais, mas não apenas em cadernos que só eu vejo; e quero conhecer e apoiar mais outros artistas. Por fim, saí desse  meu período particular com o fim das férias e a vontade de me reconectar com tudo.
 Recapitulando todos esses acontecimentos, eu me sinto melhor de pensar em como eu aproveitei esse mês, mesmo que tenha passado tão depressa, e como estou começando a dar mais valor ao meu tempo introspectivo. Acho que estou aprendendo a aproveitar a pequena infinidade em mim.

Com amor, Mari

01.02.20