Nada

 Semana retrasada, eu entrei de férias. Depois desses meses lentos do primeiro semestre, confesso que eu já nem esperava mais que julho (e as férias) chegassem. No último dia de provas, quando eu percebi que eu não voltaria mais por quase um mês, eu saí tão leve que me senti flutuando pela rua, com um sorrisinho, um pouco de alegria, um pouco de esgotamento.
 Duas semanas depois, os dias passaram quase sem eu notar. Passei a maior parte dos meus dias desocupada, fora de casa e me divertindo, ou só fazendo absolutamente nada por vontade própria. Enquanto os dias se preenchem de acontecimentos, no fim do dia, às vezes, eu tenho uma sensação  quase intrusiva de que meu planeta está travado na própria órbita. Não sei se isso faz sentido fora da minha cabeça, mas, às vezes, eu sinto que nada está se movendo, ou que eu não estou. E, para ser honesta, parece que faz muito tempo que os dias apenas passam, sem movimento. Às vezes, eu me importo com isso. Às vezes, eu esqueço.
 No tempo livre, em casa, decidi (finalmente) assistir todos os filmes da minha lista. O último que eu vi foi Lady Bird, que mexeu muito comigo pela identificação, mesmo que eu não seja uma adolescente de Sacramento em 2002. É legal pensar nessa universalidade. Amei a história, a fotografia, a atmosfera... Além de filmes, andei preenchendo meus dias com música. Posso destacar, dos meus últimos adicionados, Gal Costa, FUR e Ezra Furman. Ah, sobre a Gal, foi uma história engraçada: uma semana e meia atrás, passei no trabalho da minha mãe e um senhor de lá me chamou de Gal. Achei engraçado porque nunca tinham me comparado com ninguém, ninguém mesmo, em questão de aparência. Eu nunca fui muito parecida com ninguém em particular (pelo que eu sei), e eu também não me acho nada parecida com a jovem Gal (talvez o cabelo?) mas decidi procurar por músicas dela depois disso, e acabei adorando o estilo e a voz dela.
 Também na preguiça do tempo livre, ando tentando pensar em nada, mas... ando falhando nisso. Em poucas semanas, faço dezessete anos. Eu costumava idealizar muito como seria minha chegada a essa idade, e agora... sei lá. Em um ano e meio, termino o ensino médio. Preciso começar a estudar para entrar numa faculdade, arrumar um emprego, decorar mais linhas de ônibus, ser mais sociável, apresentável, ter todas as virtudes possíveis, etcetera. Nenhuma dessas coisas me aflige particularmente, mas agora que elas são realidades próximas, eu tenho um certo medo... de tudo. De estar imóvel e confortável no vazio enquanto observo o universo mudar e se realinhar, e aí ser atropelada por tanta coisa de uma vez. De não estar fazendo nada que importe de verdade. De estar perdendo tempo, de estar perdida no meio do nada, e nunca ser capaz de me mover para onde eu quero ir. Mas nessas férias, minhas últimas antes de tudo acontecer, eu só quero aproveitar o nada dos últimos dias calmos para preencher com boas lembranças. Acho que é melhor assim.
 Enfim, estou com a impressão de que esse texto ficou bagunçado, e peço perdão por isso. Eu queria apenas transcrever meus pensamentos aqui, então não saberia como escrever de outro jeito. Obrigada pela leitura, e aproveite o dia.
-Mari, entre 22 e 23.07.19.

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