Três animações que assisti

O Segredo Além do Jardim, de Patrick McHale (2014)

 O Segredo Além do Jardim conta a história dos irmãos Wirt e Greg, que se perdem por uma estranha e mítica terra chamada de O Desconhecido. Em busca de um jeito de voltar para casa, eles encontram diferentes seres e mistérios em sua jornada.

 Assisti o desenho pela primeira vez em 2015, e decidi rever no isolamento. É uma daquelas obras que não perdem a magia, cheia de coisas novas a serem notadas a cada re-assistida. A premissa é cativante e a narrativa te prende do início ao fim. O clima de terror e suspense é muito bem desenvolvido, mas também há espaço para leveza e humor em alguns momentos, sem perder o tom. Além disso, a história é rica de detalhes e dotada de uma mitologia própria muito interessante.
 Tanto os personagens que aparecem em um só episódio quanto os principais são bem escritos e memoráveis. Pessoalmente, amo o arco do Wirt, e ele e o Greg me lembram muito minha própria relação com parentes mais novos (praticamente irmãos para mim); é um aspecto muito bonito da trama. A animação é linda, com suas paisagens outonais e um visual bem halloween-esco, e a trilha sonora é maravilhosa, feita exclusivamente para o desenho. Por ser curtinho (os dez episódios juntos dão 1h50m), é possível ver tudo em um dia, como um filme. Não tenho outra palavra além de "incrível" para esse desenho.

Sussurros do Coração, de Yoshifumi Kondou (1995)

 Sussurros do Coração conta a história de Shizuku, uma aspirante a escritora que decide ler vinte livros em um verão; e acaba notando que todos já haviam sido alugados por um menino chamado Seiji Amasawa. O filme, então, acompanha as vidas e o crescimento dos personagens a partir desse ponto.
 Foi a primeira vez que vi esse filme, mas já estava com ele na lista há um bom tempo (e com muitos gifs das cenas de estudo dele na galeria). A animação é belíssima, no estilo clássico do Estúdio Ghibli. É uma narrativa simples, sobre crescer e se encontrar, e acredito que essa é a magia desse filme. Os personagens vão buscando seus destinos e desejos em meio ao ambiente escolar, com todas as incertezas e conflitos de amizade e família, e essas são situações tão comuns que ás vezes passam despercebidas; o modo que o filme as representa, com beleza e reflexão, é bem encantador.
 O jeito que o filme fala sobre arte e criação mexeu muito comigo. A metáfora que é usada sobre a arte (e o próprio artista) ser como uma joia bruta a ser lapidada é muito bonita; gosto do ênfase que a história coloca que, além do talento, existe a dedicação, o erro, a frustração, o esforço. Depois de assistir, eu me senti tocada, apaixonada mesmo. Ah, e eu fiquei alguns dias com Country Roads na cabeça.

Doukyuusei, de Shouko Nakamura (2016)

 Doukyuusei (ou Classmates) conta a história de Rihito Sato e Hikaru Kusakabe, dois meninos que estudam juntos e se apaixonam durante o ensino médio. É baseado em um mangá de mesmo nome.
 O filme tem um formato "fragmentado", onde, apesar de ter uma conexão e continuidade, cada parte contém uma situação nova e própria. É um filme leve, divertido e romântico; mas que também fala sobre amadurecimento, as complexidades dentro de um relacionamento e a experiência de ser LGBT, de forma sutil e realista.
 Os dois principais são bem diferentes entre si, e há um ponto bem interessante sobre a maturidade, entendimento e comunicação que são necessárias para manter um casal; dos filmes que já vi, poucos tocaram nesse assunto tão bem, ainda mais de um jeito tão suave. O filme foca nos dois meninos, tanto como pessoas singulares quanto como casal; ambos são personagens únicos e bem escritos, e o relacionamento deles é muito fofo e bem desenvolvido pela trama. Amei a animação, que é bem fluída e delicada, e o clima gentil da história. É uma animação curta, de apenas uma hora de duração, mas que deixa uma sensação de coração quentinho no fim.

Mari, 01.07.20