Creio que essa tarde chuvosa seja a primeira vez nesse mês (desde o quase-final de janeiro) em que houve uma intersecção entre minha vontade de escrever e meu tempo vago. Nesse meio-tempo de vinte e poucos dias, eu tive algumas experiências: comecei a buscar emprego, fiz uma viagem repentina, vi filmes e ouvi músicas que me despertaram uma vontade de analisar e escrever, minhas aulas voltaram (nessa semana), entre outros pequenos acontecimentos.
Essas coisas não se espaçaram entre esses dias, elas se concentraram bastante na semana retrasada e no início da semana passada. De lá para cá, não houve muita coisa além do início das aulas, que não foi nada entusiasmante para mim.
No ócio da última semana, eu tentei escrever sobre tudo que aconteceu, mas a sobrecarga de assuntos simplesmente parecia impedir a concentração. Eu queria conseguir contar tudo, tudo mesmo; mas eu não conseguia ligar os assuntos na minha mente, e tudo soava como uma exposição superficial cronológica de acontecimentos e eu odeio escrever assim. E com a "volta a realidade", eu estava (e estou) tão entediada e desanimada que eu simplesmente não tinha a mínima energia para a escrita, por mais que eu quisesse. Mesmo frustrada, não tinha muito o que fazer nesse caso.
Meus curtos tempos vagos foram dedicados a ouvir música, contemplar, cuidar da aparência e fazer nada. E, de verdade, não é tão chato quanto pode soar; essa semana, eu pintei as unhas de vermelho cintilante ao som de Lady Grinning Soul, do David Bowie. Foi uma coisa extremamente normal de se fazer, mas eu me senti como se eu estivesse em um filme, fora da realidade (as coisas que as músicas do Bowie podem trazer naturalmente), e eu me senti... feliz, de um jeito extraordinário e estranho. Até o momento mais comum pode se tornar um pouco irreal se você estiver disposto a sentir.
Ah, e sobre a realidade e a vida útil: apesar de tentar, não sei se ando me saindo tão bem nela. Não sei se tomei as melhores decisões no ano passado, mas o tempo vai começar a dizer em breve.
Não quero soar pessimista, nem dramática, entretanto, eu me sinto como um barco em alto-mar esperando a vinda de uma tempestade, em estase, incapaz de mudar muita coisa. E, honestamente, esse sentimento é uma droga. Mais que nunca, ando descobrindo que mudar os cursos da minha própria vida pode ser muito difícil, contando com todas as circunstâncias (além da minha idade atual), com correntes a lugares e pessoas, e tudo mais. E nem digo isso apenas da minha vida (que é bem pequena) como em relação ao mundo cada vez mais difícil e incerto que se desenrola.
Não quero soar pessimista, nem dramática, entretanto, eu me sinto como um barco em alto-mar esperando a vinda de uma tempestade, em estase, incapaz de mudar muita coisa. E, honestamente, esse sentimento é uma droga. Mais que nunca, ando descobrindo que mudar os cursos da minha própria vida pode ser muito difícil, contando com todas as circunstâncias (além da minha idade atual), com correntes a lugares e pessoas, e tudo mais. E nem digo isso apenas da minha vida (que é bem pequena) como em relação ao mundo cada vez mais difícil e incerto que se desenrola.
Apesar de tudo, eu agradeço por ainda ter caneta e papel, ou teclado e uma tela, porque é a minha voz, quando eu não tenho onde gritar minha insatisfação, tristeza ou qualquer sentimento que seja. Se eu não posso tomar as rédeas da minha vida, ao menos posso escolher minhas palavras, ser sincera, traçar um rumo, e a roda do leme é minha caneta; e talvez as folhas em branco sejam meu símbolo de liberdade.
Enfim, eu não sei como terminar essa conversa um tanto catártica e meio preguiçosa que abri. Queria registrar que durante o tempo em que estive escrevendo esse texto, a chuva, que estava serena, parou e o sol apareceu um pouco. Estou indo tomar um café agora, aproveitar um pouco o fim do meu tempo vago de tédio. Ah, e por fim, desejo que, aonde quer que você esteja, que você aproveite sua tarde também.
- Com carinho e café, Mari.
Oi, mari. Ainda não nos conhecemos. Hoje é dia 15, e meu dia 14 não foi nada legal. (hj é dia 16, na real, mas n consegui postar esse comentário ontem pq o blogger bugou, então salvei e deixei assim mesmo) Enquanto você estava escrevendo essa mensagem, eu estava correndo de um lado para outro da cidade vizinha para conseguir fazer a matrícula na faculdade. Não consegui, caso esteja se perguntando. Faltaram documentos. Mas há uma segunda chamada, eu espero que passe. Mas, sinceramente, nem comecei e já estou exausta.
ResponderExcluirEu queria registrar que, terminando de ler sua mensagem e começando a escrever esse comentário, eu estava escutando Small talks em versão 8d. Se não experimentou ainda, faça. É incrível. Na verdade, vou procurar uma do Bowie em 8D. Dá uma sensação incrível esse lance de 8d, menina. Parece que eu estou em uma festa de quintal, com os cantores e as bandas bem atrás de mim, perto do bar. Eu me sinto viva só de ouvir, me sinto realmente r o d e a d a pela música, e como se tudo fosse possível, o que é uma das melhores sensações que se pode sentir na vida. Aliás, Heroes do Bowie me dá essa sensação. Eu tenho que tirar um tempo pra ouvir mais músicas dele. Tenho que tirar um tempo pra ouvir tanta gente. Agora está tocando Sweater Weather. (Sim, farei relatórios ao longo deste comentário quando as músicas mudarem kshdfj)
Eu também tenho esses surtos de atividade em que faço um monte de coisas, como arrumar meu quarto completamente sem minha mãe precisar pedir e escrever dez folhas frente e verso no próprio punho e caçar bandas que estou há meses pra ouvir. Ler os livros que estão na estante há semanas e coisas do tipo. Tudo isso em dois dias. E em outros, eu fico rolando a página do instagram de biquini no quintal porque está calor demais pra sequer pensar em sair de casa pra ir realmente na praia (porque embora eu more no litoral, o processo pra c h e g a r até ela desanima muito) e vendo vídeos aleatórios no youtube. No momento, por exemplo, tenho ideias pra duas coletâneas de contos diferentes e uns quatro ou cinco contos individuais e não comecei a trabalhar em nenhuma das duas, embora uma fosse pra ser presente de natal/ano novo/aniversário do meu amigo. Ele fez em 5 de fevereiro. Sim, as barras significam as datas que eu remarcava a data de entrega do conto kdjfkds Que desastre.
Ontem foi esse dia terrível, depois de semanas em que eu não me sentia mal. Eu tinha quase esquecido a sensação de nó na garganta e o desespero, a vontade de sair correndo da própria vida e de não fazer nada certo nunca. Ontem eu estava tão a beira do colapso que meus olhos lacrimejaram em público. Mas limpei logo o rosto antes de desabar completamente. Eu não chorava há dias, nunca chorei em público. Só pra você saber o nível. Eu estou digitando essa mensagem usando meu pijama, as mangas já estão curtas mas é como um cobertor que você pode vestir. Eu uso quando me sinto mal. E ontem eu deitei na cama e só pensava no quanto eu não tô pronta pra isso tudo. Não tô pronta nem pra lidar com o fato de tentar fazer as coisas certas e errar tudo, parece tudo tão difícil e complicado e as pessoas sempre me interpretam errado.. (Agora está começando Lovely, da Billie Eilish) Eu estou com tanto medo. Mudar os rumos da própria vida é realmente muito difícil. Eu também tenho esse projeto de escrever sobre o que acontece nos meus dias, mas não escrevo sobre algum dia até o final desde Novembro. Tenho medo de, no futuro, esses meses em que não escrevi serem totalmente um limbo na minha memória, isso me motiva a escrever cada detalhe, por outro lado, me canso de escrever no segundo parágrafo. Também não gosto de escrever essas coisas como se fossem um relatório.
(perdoa o comentário gigante que de tão grande foi cortado, n desiste de mim jshdfkjsd)
ResponderExcluirEu realmente queria comentar sobre esse sentimento de se fazer algo totalmente comum e parecer incrivelmente extraordinário pela música que se está ouvindo. Eu lembro de dois momentos agora, bem específicos em que senti isso. Ambos no ano passado. Teve esse dia em que ouvi uma música num filme e me apaixonei por ela, tão intensamente que comecei a arrumar a casa ao som dela, porque me fazia querer pular pela casa e fazer solos em guitarras imaginárias. Eu me senti tão viva e fiquei rodopiando pelo cômodo e rindo sozinha como uma louca, me achando a garota mais feliz da galáxia. Como se a vida fosse a maior festa de todas. Como se eu tivesse sorte pelo pó de estrelas diferentes terem se juntado ao redor do universo pra formar o que eu sou hoje. Como se o mundo fosse mágico. Eu guardo esse sentimento no fundo do meu coração, é uma das coisas mais preciosas que eu já tive na vida. Um outro momento foi quando eu estava numa playlist chill mix aleatória e estava lendo Eu estava aqui no quintal de casa. Era julho e eu estava de férias, e devorava livros obsessivamente. O céu estava tão azul que ardia se olhasse por muito tempo, mas era o tipo de céu que te fazia sorrir pro nada. Eu não sei se você já leu esse livro, é sobre uma garota que se mata e como sua melhor amiga investiga o que aconteceu com ela antes disso, depois de elas terem seguido caminhos diferentes, já que a melhor amiga ficou na cidadezinha natal delas e a primeira foi pra cidade grande, como era o sonho das duas. Mas teve esse momento em que a música era perfeita e meus olhos encheram d'água, porque era uma parte tão tocante do livro e eu me senti tão bem por estar viva. Tão grata. Eu fiquei feliz de ter tido esperança e não ter desistido. Eu me senti mal por existirem pessoas que não conseguiram. Eu queria que todas tivessem conseguido aguentar mais um pouco pra experimentar esse sentimento. Como se a vida valesse à pena. Não como se uma hora todos os problemas fossem desaparecer, mas como se as coisas boas fossem ainda maiores. (Agora é uma versão com chuva de Give me Love) É incrível o que música pode te fazer sentir, é por isso que é uma das coisas mais importantes da minha vida.
Você tem razão, apesar de tudo, temos papel e caneta e telas e teclados, e podemos gritar mesmo quando nossa garganta trava e as palavras não saem. Existe uma música de rap que tem um trecho assim "virei madrugada sangrando a caneta", acho que é isso que fazemos. Eu escrevo quando as palavras faladas me faltam, quando o chão me falta, quando a sanidade me falta. Escrever é um modo de respirar, de continuar respirando. É sangrar e torniquete, ao mesmo tempo. E tem sempre um pedaço da alma da gente em tudo que a gente escreve. (estou divagando...desculpe) Agora está tocando The Scientist em versão com chuva. Esse comentário ficou igualmente catártico. E não sei como terminar.
Mas só nele você já ficou conhecendo mais de mim do que a maioria sdkfjhkjd Prazer, Summer. Eu espero que recupere sua energia pra escrever, espero que eu recupere a minha também. Tenha um bom final de semana, com muito café (com leite, no meu caso hakshd. Foi bom te ler.
Beijo e até mais.
Olá, Summer, muito prazer ♡
ExcluirPeço desculpas por responder só agora, e espero que você tenha conseguido resolver sua matrícula na faculdade. Vou procurar a versão 8D de Small Talks (e de todas as músicas que você citou durante o comentário) agora que eu peguei emprestado um fone decente KMKJM versões em 8D dão uma sensação maravilhosa mesmo <333
Eu adoro esses picos de atividade, e sei bem como são os de ócio também (e eu também sou de uma cidade litorânea aaa... mas eu moro meio longe do mar KNKJLK então minha preguiça de ir é mais por isso mesmo)
Acho que enrolar para escrever é um hábito bem comum, e, sinceramente, acho que pode até ser bom para desenvolver mais, ou até ter mais experiências para o momento de escrever. Espero que você consiga aproveitar isso para escrever seus contos!
Eu tive um dia ruim parecido com o que você descreveu recentemente, e conheço essa vontade de fugir da própria vida (talvez de forma diferente, mas acho que é um tanto universal). Eu realmente espero e desejo que você esteja melhor ou melhore. Tantos acontecimentos vem de forma repentina que é difícil se sentir pronto, mas acredito que, mesmo com o medo e a dificuldade, ainda há essa força que nos leva para frente, e eu te desejo essa força, de todo coração, e que você possa controlar os seus rumos.
Eu compartilho o seu medo dos limbos de memória, até porque eu tenho o costume de registrar muita coisa, por fotos ou pela escrita, mas isso pode ser realmente cansativo. Creio que às vezes a gente precisa... deixar ser? (não sei se essa é a melhor expressão) A memória pode ser uma coisa estranha, por isso amamos registrar, mas às vezes é preciso deixar fluir, porque é natural, até mesmo o esquecimento é, de certo modo.
A descrição dos momentos que você teve me passou a magia, foi literalmente mágico de ler ♡ A música, a arte realmente faz a vida valer a pena, com essas sensações que só ela pode passar. Quanto ao livro, eu acho que não conheço (embora essa sinopse não me seja estranha) mas vou procurar, com certeza!
Eu concordo com tudo que você escreveu sobre a escrita, suas palavras expressaram perfeitamente ♡ A alma está no escrever, é como o ato de respirar.
Enfim, seu comentário me alegrou e me emocionou muito e eu nem sabia direito como responder AAAA ♡ Foi muito bom te ler e conhecer um pouco de você. Eu espero que sua energia tenha voltado (e se não tiver, que volte) e um bom fim de semana (nesse carnaval) ♡
Beijo! <3333