É difícil respirar nessa estação.
A chuva se choca violentamente contra a antiga marquise. Uma corda de carros entrelaçados e barulhentos tentam correr pelo céu. Os sinais piscam sem dizer nada. O mesmo tom de cinza e uma luz alaranjada pintam a avenida do chão ao firmamento. A ventania busca saída entre as ruas sujas, apertadas, inundadas. E a pressa, como a cafeína, preenche as veias sem dar espaço nem ao ar, que tento encontrar de todas as maneiras.
Às vezes, porém, eu não me esforço para respirar. Nem penso. Nesses instantes, as sensações reverberam, e, talvez pela força do hábito, eu ainda encontro a beleza no cenário sensorial de carros, chuva, poças, postes, pessoas.
Eu noto que, nessa perspectiva, sou mais uma personagem que uma pessoa. Uma garota sentada numa estação de ônibus em um dia de chuva, estática. E todas as pessoas ao meu redor também são personagens, cujas vidas ficaram enquadradas na espera por um ônibus.
Nesses minutos ditos perdidos, o que acontecerá comigo ou com quem está ali depois dessa cena simplesmente não importa. Talvez eu jamais encontre as pessoas que ali estavam, jamais saiba seus destinos, assim como elas não saberão o meu (que nem eu sei), e não há problema. Elas vivem naqueles minutos na estação, em um dia chuvoso e escuro, naquele exato minuto na memória, que nem o tempo e a pressa conseguem tocar.
Enfim, eu respiro.
Eu noto que, nessa perspectiva, sou mais uma personagem que uma pessoa. Uma garota sentada numa estação de ônibus em um dia de chuva, estática. E todas as pessoas ao meu redor também são personagens, cujas vidas ficaram enquadradas na espera por um ônibus.
Nesses minutos ditos perdidos, o que acontecerá comigo ou com quem está ali depois dessa cena simplesmente não importa. Talvez eu jamais encontre as pessoas que ali estavam, jamais saiba seus destinos, assim como elas não saberão o meu (que nem eu sei), e não há problema. Elas vivem naqueles minutos na estação, em um dia chuvoso e escuro, naquele exato minuto na memória, que nem o tempo e a pressa conseguem tocar.
Enfim, eu respiro.
-Mari, 22.05.19
Eu tenho tanto esses tipos de pensamento que foi bonito vê-los poetizados assim...
ResponderExcluirA propósito, amo essa música.
Abraços, Mari!
oi, Larissa! muito obrigada pelo elogio, fico muito feliz por você ter gostado ♡
Excluir(pink floyd é amor aaa)
abraços!
Aquele momento em que encontramos uma postagem com a qual nos identificamos tanto que já nem sabemos o que dizer...
ResponderExcluirAni
obrigada pelo comentário, Ani ♡
ExcluirPois é, que bad, as pessoas são assim mesmo. Mas há um jeito de mudar, só vc mesmo mudando.
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