Esperando/Liminaridade

 Boa tarde a todos, e se você não estiver lendo isso de tarde, uma boa qualquer-outra-hora-do-dia, e espero que seu dia esteja bom desde já. Faz menos de uma semana que não apareço aqui, mas senti que precisava aparecer, porque senti que passou muito tempo. Tanta coisa aconteceu em questão de dias, que, olhando para trás, parece que essa semana foi mais longa que o normal.

  Eu passei grande parte desse início de outubro triste, o que me fez escrever vários textos e poemas extremamente emotivos, que me fizeram dizer "jesus, dramático demais" depois e passar tudo para o meu pendrive. Não que eu não me sinta mais triste, mas nem toda tristeza é a exata mesma tristeza. É algo um pouco estranho de colocar em palavras, talvez. No início do mês, durante um período de chuvas fortes (não-metaforicamente), eu estava me sentindo deprimida e fria, desolada. Agora, o período de chuvas passou e deu espaço ao forte sol primaveril, mas eu ainda me sinto triste. Não fria ou desolada, mas melancólica, conformada.

 Meus períodos de melancolia são estranhos e longos. Sinto que já me acostumei. Eu me perco na minha quietude e no desânimo, passo alguns períodos calada e contemplativa, o mundo e a rotina se tornam tediosos, até os momentos alegres ou menos solitários do dia-a-dia ganham um tom de tristeza na memória, geralmente no fim do dia. Não acho que seja algo bom, mas talvez eu já esteja acostumada demais para mudar.

 Mas eu sinto, mais que tudo, que estou esperando algo. Não sei bem o que é. Esse ano me pareceu uma grande liminaridade, um espaço entre um antes e um depois. Como o espaço em branco entre um capítulo e outro de um livro, como o tempo entre o fim da tarde e o começo da noite que não é exatamente tarde e nem noite. Não que nada tenha acontecido nesse espaço de tempo - muita coisa aconteceu - mas não sei dizer quantas dessas coisas são permanentes, quantas dessas coisas não soaram como um preparo para um futuro. Uma constante sensação de que há algo por vir, e eu estou me aproximando cada vez mais.

 Eu não sei o que virá, poucas certezas tenho. Mas, seja lá o que for, sigo esperando.

-Mari, 13.10.18