Hoje, eu não fiz muita coisa.
Arrumei minhas coisas, deixei uma música tocando, tive algumas conversas curtas. Passei um tempo parada, contemplando o dia ensolarado de hoje, pensando no que escrever, visto que eu não faria muita coisa hoje.
Eu raramente aprecio minha perda de tempo sem culpa. Eu sempre tive uma certa ansiedade e medo em relação ao tempo. O medo de deixar a vida passar, medo de perder tempo, de me permitir parar, de não ser a melhor versão de mim mesma hoje. A correria juvenil e urbana sempre ditou meu ritmo, desde o início da minha adolescência; e raramente consigo me desprender da minha própria agitação.
Um dia entediante sempre foi um dia melancólico para mim. E, ultimamente, eu ando tendo muito desses dias, dias como hoje.
A primeira coisa que eu percebi durante esses dias é o quão apressada eu sou em quase tudo que eu faço, como se eu estivesse sempre correndo. Eu raramente paro para contemplar, descontrair ou até mesmo respirar durante o dia-a-dia.
Ando escutando muita música e olhando muito para o horizonte, algo comum, mas que parece mágico no meu cotidiano. Durante meu tédio, tudo parece mais irreal e detalhado, hipnotizante. O toque do sol na minha pele, a sensação do vento, as horas passando. Coisas que eu sinto todo dia, mas que poucas vezes eu contemplo ou admiro.
Minha mente parece mais fresca, mais fértil. Passei algum tempo sem conseguir escrever, anotando e apagando palavras da minha tela branca, sem tirar nada dela. O meu tédio me rendeu alguns textos e poemas soltos, talvez não tão bons, mas a simples criação conseguiu refrescar minha mente. Esse texto em si é um produto do meu tédio e do meu copo de café de todas as tardes, e creio que seja a coisa mais descompromissada que escrevi nos últimos tempos, mas me sinto feliz por isso.
Eu me sentiria culpada de parar se hoje fosse outro dia. De deixar a vida passar, de perder tempo, permitir-me parar. De não ser a melhor versão de mim hoje.
Porém, depois de perder meu tempo pensando nessas questões, acho que talvez eu precise parar de ver o tempo como um adversário. Sei que um dia, as coisas vão mudar e acabar, penso muito nisso até. Mas talvez hoje eu precise parar um pouco de pensar no meu amanhã, de me preocupar, de tentar ser a melhor pessoa possível, como se eu precisasse amadurecer e melhorar constantemente, mas nunca pudesse olhar por um instante para o meu interior e encontrar alguma satisfação ou paz dentro de mim.
Talvez eu precise deixar o tempo passar como ele está passando hoje: como um mar em calmaria, lento, preguiçoso, deixando meus sentidos mais sensíveis.
E talvez eu seja a exata versão de mim que eu preciso ser hoje.
-Mari, 09.09.18
Oi Mari! Uau eu nunca li tantas verdades de uma só vez. Sério. Sabe, as verdades mais intensas são aquelas em que você não sabia que se identificava até alguém te dizer. Obrigada por isso. Eu nunca pensei no tédio como algo necessário, só como uma parte de mim inútil que some e quando reaparece é para estragar meus dias. Obrigada de verdade por essas palavras reflexivas. Vou passar a olhar as horas tediosas de outra forma, e vou me esforçar para que seja da melhor possível! Você é incrível!!
ResponderExcluirhttps://sopadesol.blogspot.com/
Olá Cecília!
ExcluirEu fico feliz que tenha gostado aa;; Eu também não costumava pensar no tédio como algo necessário, mas é uma hora importante para se reconectar com si mesmo. Eu espero que as horas tediosas se tornem melhores para você ♡
(E obrigadaaaa <333333)
Abraços! ♡
oi Mari! parece que toda essa situação é o mal da nossa geração. eu estou passando pelas mesmas coisas, tentando desacelerar, mas é tão difícil. é questão de treino mesmo, nascemos e fomos criadas condicionadas à pressa que nosso sistema impõe. mas que bom que refletimos isso e buscamos maneiras de mudar isso em nós!
ResponderExcluirbjo
Oi Helen!
ExcluirA ansiedade e a pressa é um mal da geração mesmo, um mal sistemático. É importante se conscientizar sobre isso e tentar encontrar nosso próprio ritmo, aliviar nossas pressas.
Espero que você consiga desacelerar, pode ser difícil mas não é impossível ♡
Abraços ♡
talvez todos precisemos de um pouco de tédio, talvez o tédio seja o café que segura nosso coração na manhã fria de inverno, talvez seja o primeiro mergulho na piscina depois de passar a tarde em trinta graus. talvez o tédio seja o remédio de nossas rotinas tão ocupadas e cheias de expectativas, nas quais acabamos perdendo a noção do tempo e deixando que a vida escorra por entre nossos dedos.
ResponderExcluirme identifiquei ao extremo com esse texto, já que é nos momentos de tédio que me sinto conectada comigo e com o mundo. nesses dias o acho que o tédio tem feito casa aqui por estas bandas, considerando que eu tenho reparado em cada detalhezinho e quase não me preocupo com coisa nenhuma (até ta meio difícil de prestar atenção nas pessoas, me sinto um pouco como a Alice e seus devaneios diários). Essa última parte já não tem muito a ver com o conteúdo de teu escrito, porém senti-me à vontade em compartilhar. Continue escrevendo, Mari!
Olá Joana!
ExcluirObrigada pelo comentário bonito aa ♡ (eu literalmente não sei como responder AAAAKJsocorro)
Eu fico feliz que você tenha se identificado com o texto, o tédio vem se tornando um bom momento de conexão para mim também. A sensação de calma, concentração e despreocupação é tão boa <3
Abraços ♡
Eu fiquei tão feliz ao ler seu comentário no meu blog dizendo que também coleciona os albuns da Lana. Quais você tem? Acho que todo mundo passar por esse momento de tédio,pois já chegou vezes de eu desejar a escola de volta nas férias pela fato dos dias serem tão chatos! Devemos aproveitar em quanto temos essa oportunidade.
ResponderExcluirsuéter azul
Olá Lucas!
ExcluirEu tenho o Honeymoon, o Born to Die e o Lust for Life (ainda não consegui o Ultraviolence e o Paradise :/)
Aproveitar os momentos de tédio é importante, na vida corrida, é um tanto raro~
Abraços! ♡